quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Proclamar, Apesar


The martyrdom of St. Stephen
Peter Paul Rubens

Morre um mártir, mas se firma a fé
Nas perseguições finca o pé.
Passa Estevão, mas não passa em vão,
Fica a inspiração, proclamar
...apesar...
Apesar do custo enorme, da nudez e frio e fome
,
Apesar de tudo, prosseguir.
Cresce a igreja itinerante, perseguida segue adiante,
Apesar de todos
, deve ir.
Jerusalém fica pra trás,
Ir sempre além e mais.
Planos de Deus, mistérios Seus
Que nos suceda assim
.
Morre um mártir, mas se firma a fé....

(Jorge Camargo / Jorge Rehder / Guilherme Kerr Neto)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O sentido da nova criação

“E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram;

eis que se fizeram novas.”

2ª Coríntios 5:17

“O conhecido texto sobre sermos ‘novas criaturas em Cristo’ não é algo tão leve que o possamos usar fácil e simplesmente como um slogan para o que acontece ‘dentro de mim’ quando me converto. O objetivo da nova criação de Cristo é grandioso demais, inclusivo demais, para ser restrito ao que acontece no interior da minha alma. Não há um cantinho, uma frestazinha sequer da História em que ele não consiga penetrar, não há complexo cultural que ele não consiga abranger. Estar em Cristo é participar de um movimento, por Sua graça; um movimento que se vai deslocando em direção aos novos céus e nova terra, onde tudo que é errado será corrigido e Ele será tudo em todos.”

Lewis Smedes, em All things made new (pp. 127-128).

*Extraído de O cristão toma consciência de seu valor, de Anthony Hoekema (pp. 56).

O comentário de Smedes, transcrito por Hoekema em seu livreto O cristão toma consciência de seu valor, diz muito a respeito do que significa ser uma nova criatura. Paulo utiliza o verbo “ser” no tempo presente para indicar que a regeneração é um fato consumado na vida do discípulo de Cristo. Contudo, a despeito de já sermos novas criaturas, precisamos nos engajar nesse “movimento” de transformação pelo qual tudo e todos chegaremos renovados à eterna presença de Deus. Assim, o tornar-se nova criatura é um momento historicamente localizado, ocorrido pela ação do Espírito Santo na vida do convertido, que desencadeia um processo de santificação, abandono do pecado e radical mudança na cosmovisão do indivíduo. Começamos a enxergar a realidade à luz da perspectiva dos céus, e não do mundo caído ao qual pertencíamos. Tornamo-nos capazes de discernir entre o que agrada e o que desagrada a Deus, e isso começa a definir quem nós somos, o que fazemos ou deixamos de fazer e o que anelamos para nossas vidas. Sonhos e projetos são desfeitos, feitos e refeitos. A vida ganha nova cor, nova cara e novo rumo. As coisas fazem sentido e sabemos que é possível descansar nAquele que é o dono das nossas vidas.

Pai, obrigado por me alcançar com Tua graça, manifesta em Cristo. Renova-me a cada dia, para que eu honre a Tua Palavra e que o mundo veja em mim um novo ser, cada vez mais semelhante a Jesus, para o louvor do Senhor.

Amém!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A cruz e a balança

"A cruz de Cristo é uma revelação tanto da justiça de Deus como do seu amor.”

Anthony Hoekema, em O Cristão toma consciência do seu valor.

Todos, crédulos ou incrédulos, temos, ainda que involuntariamente, um retrato de Deus (ou de um deus) em nossa mente. Não necessariamente uma imagem com traços físicos, mas um desenho do caráter e da personalidade divinos. Alguns vislumbram um pai extremamente carinhoso e afável; outros, uma figura austera, dura e implacável.

Na verdade, quase sempre enfatizamos alguns dos atributos de Deus em detrimento de outros, e é especialmente curioso o fato de ser possível fazer uma leitura das Escrituras de forma a enxergar o sacríficio de Cristo, por exemplo, como a prova inequívoca e definitiva do amor de Deus, para então se afirmar que tal gesto é simplesmente incompatível com a ideia de um Deus irado e vingativo, extraída apressadamente por muitos após um contato superficial com o Antigo Testamento.

Contudo, é preciso analisar a cruz e perceber que não apenas o amor de Deus é revelado ali, mas igualmente a sua justiça. Ao enviar Jesus ao calvário, o Pai mostrou quão grave e profunda fora a condenação do pecado, e exigiu a quitação do preço exigido para a expiação. A substituição operada (Cristo em nosso lugar) significa exatamente a satisfação da ira divina para com o homem, sendo este justificado em Jesus. A justiça é evidenciada no cumprimento da pena imposta pelo pecado. Nas palavras de Hoekema, transcritas do livreto acima indicado, o sacrifício expiatório de Cristo “[...] é a base judicial para a remoção de nossa culpa.”

Por isso, não é possível enxergar isoladamente o amor ou a justiça de Deus. A cruz encharcada de sangue significa que Deus amou o mundo a ponto de dar seu próprio filho para salvá-lo, mas significa também que esse mesmo Deus não se esqueceu do pecado e simplesmente deixou passar em branco o fatídico episódio do Éden. O preço, caro e sem desconto, foi integralmente pago. Devemos, portanto, glorificar o Pai pela graça manifesta em Cristo e viver dignamente o Evangelho da nossa salvação.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O melhor de A. W. Tozer


Esse livro é pro Gui Gontijo recomendar! (www.recomendei.blogspot.com)
Impressionante a visão, a paixão e a sabedoria de A. W. Tozer. Como bem disse o Lucas quando começamos a estudar essa compilação de textos do autor, dá vontade de grifar todas as frases, pelo estilo marcante e impactante de Tozer.

Trata-se de um livro curto de mensagens curtas, portanto rápido e delicioso de ler.

Posto aqui uma seleção de tópicos dos três primeiros capítulos dessa obra, que fiz para discutirmos em um grupo de estudos que tentamos montar na nossa igreja e acabou não dando muito certo (apesar de eu ainda ter esperança de retomarmos aquela ideia...). Espero que estimule você a procurar saber mais sobre esse autor e seu legado, certamente composto de alguns dos mais relevantes textos cristãos recentes:

Capítulo 1 – Seguindo a Deus de perto

- Deus coloca em nosso coração o desejo de buscá-lo; somos incapazes de fazer isso por conta própria;

- Em seguida, como resposta, devemos agir positivamente, exercitando a fé e desenvolvendo a nossa salvação (Fp. 2:12), sem nos conformarmos à velha natureza;

- O crescimento da Igreja depende do crescimento individual dos membros, que se dá a partir do grau de comprometimento de cada um no sentido de “penetrar nas infinitas riquezas de Deus”;

“Encontrar-se com o Senhor, e mesmo assim continuar a buscá-lo, é o paradoxo da alma que ama a Deus.” (p. 13);

- Os exemplos de Davi (ânsia espiritual) e Paulo (Fp. 3: 8);

“É uma tragédia que, nesta época de trevas, deixemos só para os pastores e líderes a busca de uma comunhão mais íntima com Deus. Agora, tudo se resume num ato inicial de ‘aceitar’ a Cristo (a propósito, essa palavra não é encontrada na Bíblia) e, daí por diante, não se espera que o convertido almeje qualquer outra revelação de Deus para a sua alma. Estamos sendo confundidos por uma lógica espúria que argumenta que, se já encontramos o Senhor, não temos mais necessidade de buscá-lo.” (p. 14);

- Não é concebível uma vida cristã sem a produção de frutos; isso se explica pela “ausência de uma sede maior de comunhão com Deus”;

- Nossa postura diante de Deus deve ser simples e sincera, sem fingimentos ou máscaras; não precisamos nos esforçar para impressioná-lo;

- O exemplo da tribo de Levi (Nm. 18:20);

“O homem cujo tesouro é o Senhor tem todas as coisas concentradas nele.” (p. 16)

Capítulo 2 – A voz do Verbo

- A designação de Jesus como o “Verbo” (Jo. 1:1) indica que a comunicação faz parte de sua natureza;

“Essa palavra que vem de Deus é o sopro divino que enche o mundo de potencialidade vital. A voz de Deus é a mais poderosa força que há na natureza e, na realidade, a única força que atua na natureza, onde reside toda a energia pelo simples fato de que a palavra de poder foi proferida.” (p. 19);

- A Bíblia tem seu valor firmado no fato de que corresponde perfeitamente à palavra proferida por Deus;

- A voz de Deus, que se expressa inclusive na própria criação, torna os homens indesculpáveis (Rm. 1:20);

“Quando do céu Deus falou ao Senhor Jesus, muitos homens que ouviram a voz explicaram-na como sendo fenômenos naturais. Diziam ter ouvido um trovão. Esse hábito de apelar às leis naturais para explicar a voz de Deus é a própria raiz da ciência moderna. Nesse universo que vive e respira, há algo misterioso, por demais maravilhoso, por demais tremendo, para que qualquer mente o compreenda. O crente não exige explicações, mas dobra os joelhos e adora, sussurrando: ‘Deus meu’.” (p. 21);

- Não precisamos temer a voz de Deus, mas precisamos, nessa época barulhenta, estar quietos para ouvir;

Capítulo 3 – Mansidão e descanso

“Para fornecer um quadro fiel da raça humana a alguém que a desconhecesse, bastaria que tomássemos as bem-aventuranças e invertêssemos o seu sentido. Então poderíamos dizer: ‘Eis aqui a raça humana’.” (p. 25);

- Mt. 5:5 (“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra”);

- As bem-aventuranças não são meras opiniões de Jesus, mas palavras de autoridade, decorrentes de alguém dotado de toda sabedoria e, além disso, conhecedor da verdade;

- Carregamos sobre nós um fardo muito pesado:

1. Orgulho: esforço para resguardar o amor próprio; em relação a isso, precisamos aprender a valorizar a avaliação que Deus faz a nosso respeito;

“O homem manso não se importa se alguém for maior do que ele, porque há muito compreendeu que as coisas que o mundo aprecia não são importantes para ele, e não vale a pena lutar por elas. Pelo contrário, desenvolve para consigo mesmo um interessante senso de humor e passa a dizer: ‘Ah, então você foi esquecido, hein? Passaram você para trás, não é? Disseram até que você é um traste sem importância? E agora você está ressentido porque os outros estão dizendo exatamente aquilo que você mesmo tem dito sobre si? Ainda ontem você disse a Deus que não representa nada, que é apenas um verme que vem do pó. Onde está a coerência? Vamos, humilhe-se, deixe de se preocupar com o que os homens pensam’.” (p. 27);

2. Fingimento: desejo do homem de mostra ao mundo o seu lado melhor, ocultando sua verdadeira pobreza e miséria internas; em relação a isso, Jesus nos ordena que sejamos como crianças, satisfazendo-nos com o que temos e somos;

3. Artificialidade: receio de parecermos ser menores, incapazes ou fracassados; daí a relevância da propaganda, que se baseia na preocupação com o exterior;

“A artificialidade é uma maldição que desaparece no momento em que nos ajoelhamos aos pés do Senhor Jesus e nos rendemos à Sua mansidão. Daí para frente não nos incomodaremos com o que as pessoas pensam a nosso respeito, contanto que Deus nos esteja aprovando. Então o que somos será tudo; e o que parecemos ser descerá na escala de valores das coisas que nos interessam. Afastado o pecado, nada temos de que nos possamos envergonhar. Somente o nosso desejo de prestígio é que nos faz querer parecer aos outros aquilo que não somos.”