terça-feira, 7 de agosto de 2007

Liberdade para amar




"O encontro do homem com um Deus que não se deixa manipular pelas pretensões humanas leva-o ao encontro de sua própria liberdade. A liberdade de encontrar-se com Deus sem querer enquadrá-lo nos seus esquemas teológicos e ideológicos, de deixar que Deus seja apenas Deus e não um subproduto da nossa imaginação. É somente quando deixo o outro livre para ser quem é que me encontro também livre para amá-lo sem as exigências e expectativas retributivas."


Ricardo Barbosa. O Caminho do Coração.








O Rev. Ricardo Barbosa, em "O Caminho do Coração", começa a tratar da questão da espiritualidade e dos afetos a partir da experiência de Jó. Mostra, então, que o homem tem grandes dificuldades para viver uma vida de íntimo e pessoal relacionamento com Deus e com as pessoas porque está fixamente centrado em predisposições que dependem das circustâncias enfrentadas, da realidade em que está inserido.


O exemplo de Jó revela alguém que, sem qualquer razão aparente, passou a sofrer de uma forma profunda, sem encontrar resposta plausível para a situação desesperadora em que se encontrava. Deus, então, começa a demonstrar sua soberania e grandeza diante da limitação humana. Jó compreende que não pode basear seus relacionamentos (especialmente com o próprio Deus) numa lógica retributiva, vastamente verificável em nossos dias, em que se espera algo em troca quando se age. Por ser fiel, íntegro e justo, Jó acreditava merecer apenas o bem de Deus, e seus amigos tentaram convencê-lo de que todo aquele mal havia chegado a ele como consequência de algum pecado que lhe estava oculto. Seguiam, portanto, a mesma teologia retributiva.


Deus quer nos ensinar a nos relacionarmos com ele e com as pessoas de forma livre, independentemente do que Ele e elas possam nos oferecer. Deus deve ser amado por ser quem é, e não por fazer o bem a nós. Da mesma forma, precisamos amar as pessoas por serem criaturas de Deus e amadas por Ele. Devemos nos submeter à soberania de Deus com a alegria de saber que Ele é bom e sua misericórdia dura para sempre, mesmo quando o deserto está mais ermo do que nunca. Ele continua a te amar. Que Deus te abençoe!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Sermão do Monte


"The law sends us to Christ to be justified, and Christ sends us back to the law to be sanctified."

John Stott, in: Sermon on the Mount


O conteúdo do Sermão do Monte, ensina John Stott, não deve ser entendido apenas como um sistema de moralidade cristã, pois é destinado especificamente aos já convertidos, àqueles que nasceram de novo e estão em Cristo. Logo, as palavras de Jesus têm um significado mais profundo, que inclusive levam muitos a apontá-las como um ideal totalmente distante da capacidade humana. A questão é: não é a capacidade humana que nos permite praticar fielmente as ordens de Jesus. É a nova vida que temos nele, centrada no Espírito Santo, que é passível de ser guiada e conduzida em obediência e perseverança. É o exercício da verdadeira fé, sendo esta vivida e experimentada a partir do conhecimento de Deus. É por isso que Cristo, inicialmente, anunciou o Evangelho, para então dizer como se deve viver esse Evangelho. Nas palavras de A. M. Hunter:


"Jesus not only proclaimed that the kingdom of God had come with himself and his work; he also set before his disciples the moral ideal of that kingdom...It is the ideal adumbrated in the Sermon on the Mount."


Que o Senhor nos capacite a vivermos o Cristianismo autêntico e verdadeiro, centrado em Cristo e sua cruz. Sempre por sua graça e seu amor, manifestos na providência de Deus! Amém.