terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A cruz e a balança

"A cruz de Cristo é uma revelação tanto da justiça de Deus como do seu amor.”

Anthony Hoekema, em O Cristão toma consciência do seu valor.

Todos, crédulos ou incrédulos, temos, ainda que involuntariamente, um retrato de Deus (ou de um deus) em nossa mente. Não necessariamente uma imagem com traços físicos, mas um desenho do caráter e da personalidade divinos. Alguns vislumbram um pai extremamente carinhoso e afável; outros, uma figura austera, dura e implacável.

Na verdade, quase sempre enfatizamos alguns dos atributos de Deus em detrimento de outros, e é especialmente curioso o fato de ser possível fazer uma leitura das Escrituras de forma a enxergar o sacríficio de Cristo, por exemplo, como a prova inequívoca e definitiva do amor de Deus, para então se afirmar que tal gesto é simplesmente incompatível com a ideia de um Deus irado e vingativo, extraída apressadamente por muitos após um contato superficial com o Antigo Testamento.

Contudo, é preciso analisar a cruz e perceber que não apenas o amor de Deus é revelado ali, mas igualmente a sua justiça. Ao enviar Jesus ao calvário, o Pai mostrou quão grave e profunda fora a condenação do pecado, e exigiu a quitação do preço exigido para a expiação. A substituição operada (Cristo em nosso lugar) significa exatamente a satisfação da ira divina para com o homem, sendo este justificado em Jesus. A justiça é evidenciada no cumprimento da pena imposta pelo pecado. Nas palavras de Hoekema, transcritas do livreto acima indicado, o sacrifício expiatório de Cristo “[...] é a base judicial para a remoção de nossa culpa.”

Por isso, não é possível enxergar isoladamente o amor ou a justiça de Deus. A cruz encharcada de sangue significa que Deus amou o mundo a ponto de dar seu próprio filho para salvá-lo, mas significa também que esse mesmo Deus não se esqueceu do pecado e simplesmente deixou passar em branco o fatídico episódio do Éden. O preço, caro e sem desconto, foi integralmente pago. Devemos, portanto, glorificar o Pai pela graça manifesta em Cristo e viver dignamente o Evangelho da nossa salvação.

2 comentários:

Unknown disse...

Isso é verdade! Na maioria das vezes que se fala na morte de Jesus, o pensamento que vem à mente é que foi por amor e muitas vezes nos esquecemos da justiça que foi exercida na realização desse fato. Glória a Deus por sua misericórdia, graça, justiça e amor que foram evidenciados lá na cruz!

Luis Filipe C. de Melo disse...

Graça e paz do SENHOR...
Pedro, achei interessante o seu blog e gostei muito do post, contudo, tenho uma ressalva a fazer. Não apenas a justiça Divina para com os nosso atos é negligenciada em muitos púlpitos, mas também, esta mesma justiça para com o pecador! Muitas vezes diz-se que CRISTO levou os nossos pecados sobre a cruz, mas nada é dito a respeito de levar A NÓS MESMOS com ELE na cruz (2 Co:5.15-17). Deus não apenas pagou os pecados como matou o pecador e o fez ressucitar espiritualmente junto com CRISTO! (Rm: 6.6). Através de CRISTO nós não fomos apenas libertos da condenação da morte pelos nossos atos, mas também, do próprio pecado que habita em nós (Comparar Rm: 7.14-25 - 8.2 olhando no texto majoritário). Estamos livres, não apenas da morte, mas do pecado também!
Que o SENHOR JESUS os abençoe!