"O cristianismo exorta as pessoas a se arrepender e promete-lhes o perdão. Consequentemente (que me conste), ele não tem nada a dizer às pessoas que não têm a consciência de ter feito algo de que devem se arrepender e que não sentem a urgência de ser perdoadas. É quando nos damos conta da existência de uma Lei Moral e de um Poder por trás dessa Lei, e percebemos que nós violamos a Lei e ficamos em dívida para com esse Poder - é só então, e nunca antes disso, que o cristianismo começa a falar a nossa língua."
C. S. Lewis, em Cristianismo Puro e Simples, pp. 42-43 (Martins Fontes, 2005)
Pessoal, posto hoje esse trecho do Lewis muito mais para me estimular a retomar as atividades do blog com maior frequência do que com algum objetivo específico de discutir o tema suscitado (apesar de ser extremamente instigante). Só deixo uma reflexão, ou melhor, um ensejo a uma reflexão: tenho a impressão de que muitos dos que rejeitam o cristianismo o fazem justamente por não se identificarem com essa necessidade de arrependimento e transformação, caminho a ser necessariamente trilhado por aqueles que desejem seguir a Cristo. O caminho da cruz passa pela confissão, pela mudança, pelo reconhecimento do pecado. Nosso orgulho faz com que neguemos nossos erros e não reconheçamos os pecados que nos afastam da presença redentiva de Jesus, silenciando a voz do Espírito, que exorta o pecador, convencendo do pecado, da justiça e do juízo. O fato incontestável, porém, segundo C. S. Lewis, é que o ser humano tem dentro de si a Lei Moral, gravada em seu coração pelo próprio Deus, o que gera a consciência de certo e errado mesmo no pior dos pecadores. O Evangelho acentua a necessidade de perdão e de transformação que toda pessoa, em alguma medida, já carrega. Ninguém pode sobreviver a si mesmo, a não ser pela graça que restaura e faz nascer de novo. Louvado seja Deus!